A PEC do Orçamento foi
uma revanche pessoal do Maia ao Bolsonaro que extravasou para o nível
institucional do Presidente da Câmara contra o Presidente da República. O
perigo é esse. A pessoa do Bolsonaro foi escolhida por 57 milhões de votos
pessoais diretos de eleitores e esses 57 milhões de votos se transferiram para
o Bolsonaro Presidente da República. Já a pessoa do Maia teve no máximo 512
votos de deputados que o elegeram para presidir a Câmara, um posto no máximo
regimental e burocrático, mas muito influente conforme a estrutura legal e
constitucional do estado. Do ponto de vista da representação pessoal a
legitimidade do Bolsonaro é 100 mil vezes maior do que a legitimidade do Maia
que legalmente parou o País ao se colocar como institucionalmente igual ao
Bolsonaro. Esse é o perigo das emoções de poderosos que se colocam acima das
razões. Esse é um dos males da democracia representativa, quando os
representados delegam cegamente o poder que pode se tornar monocrático e
totalitário. Por essas e outras é que há uma onda mundial de questionamento
desse modelo de democracia que tem permitido chegar-se a uma Venezuela, de cujo
destino o Brasil escapou por pouco!
Enviado ao Estadão em 28/03/2019
Publicado no Fórum dos Leitores em 29/03/2019:
https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,forum-dos-leitores,70002771938
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