Sra. Presidente, sua aceitação da postulação em 2010 pela
Presidência da República pode ter sido um erro. Privilégio, distinção,
reconhecimento, maior poder para contribuir e realizar são fatores que podem
ter pesado na aceitação. Mas, o desconhecimento de todos os desafios, a
complexidade dos problemas, conhecimentos específicos necessários, preparo,
experiência são fatores que certamente foram minimizados face ao desejo de
contribuir. Mas no cargo de maior poder e responsabilidade de um país, a
autoconsciência, a humildade, e a avaliação das limitações pessoais necessitam
ser exercidas com profundidade pelas consequências graves, para o País e seu
povo, que esse erro pode trazer. Errar é humano. O erro é perdoável se
reconhecido e até louvável se bem intencionado e corrigido... Mas persistir no
erro, quando já há claros indícios, sinais evidentes, e até mesmo a ocorrência
de graves prejuízos ao país e seu esperançoso povo, persistir no erro é, no
mínimo, desumano! O coração valente é uma das suas armas para vencer desafios,
mas o que se necessita agora não é valentia, mas humildade e uma atitude de
amor pelo País. A atitude de entregar o governo, assinando uma carta de
renúncia. Tal gesto, em vez de representar fraqueza será para sempre lembrado
como de extrema coragem e desapego, e de um profundo desejo, como o que pautou
toda a sua vida, o desejo de dar ao povo brasileiro o melhor de si, pelo seu
futuro e sua felicidade.
Enviado ao Estadão em 29/02/2016