terça-feira, 16 de maio de 2017

POLARIDADE INVERTIDA

Na JovemPan (16/05), Yves Gandra Martins defende Reinaldo Azevedo -- o paladino das leis. Mas a Constituição, no modelo detalhista e complexo, sempre tem um viés da sua época e interpretação ambígua nas mudanças do contexto. A Constituição de 1988, após 21 anos de um estado ditatorial que se tornara delinquente torturando acusados, foi adequada para defender os governos eleitos diretamente, e sugere um viés garantista -- In Dubio, Pro Reo. Agora, 29 anos após, estamos com a polaridade invertida julgando um governo lulopetista eleito democraticamente, mas que se tornou delinquente assaltando os cofres públicos, mentindo descaradamente e destruindo o estado de direito conquistado na pós-ditadura. Ninguém está contra a obediência às leis, mas defendendo a revisão dos textos ou a neutralização do viés garantista quando forem necessárias lucubrações interpretativas, desempates por um ou dois votos, ou o óbvio interesse da Pátria Mãe Gentil contra o do acusado.


Gilberto Dib

Enviado ao Estadão em 16/05/2017

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