FHC (02/07) comenta a dificuldade de entender a política
contemporânea, e a crise da democracia representativa. A polis (cidade em
grego) era o local de maior concentração de cidadãos ricos, poderosos e
filósofos. Daí surgiu a política. A democracia representativa parte do
princípio que todos os cidadãos devem participar da escolha dos dirigentes com
votos de igual valor. A sociedade daquele tempo era simples, e o que não era
simples era atribuído aos deuses. Por isso a diferença de conhecimento entre os
cidadãos era pouca. Hoje quase tudo é explicado pela ciência e a diferença no
saber e no conhecimento dos cidadãos é enorme. Porém a democracia clássica
continua atribuindo votos de mesmo valor para o analfabeto e para o PhD. Como
os estratos sociais são naturalmente menores entre os PhD, quem escolhe os
dirigentes são os mais ignorantes que por serem mais numerosos elegem os que
falam a sua linguagem de conceitos limitados. Daí o populismo atual. Enquanto a
demagogia da igualdade for mantida e os votos não forem qualificados, a
tendência nas democracias representativas será a extinção.
Gilberto Dib
Enviado ao Estadão em 02/07/2017
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