domingo, 21 de fevereiro de 2016

DORIAN GRAY

Quanto mais esperneia, mais afunda. O PT, afundando no atoleiro moral-político-administrativo, tenta todo tipo de golpe baixo para destruir o inimigo, mas a cada tentativa afunda mais. Durou pouco a nova marotagem com a Mirian Dutra. Claro que Luiz Inácio deve ter autorizado mais essa baixaria, mas mais uma vez o Lula dirá que não sabia. Aliás esse é mais um caso da dicotomia entre o homem Luiz Inácio e o mito Lula: o mito Lula é a persona visível, audível e carismática que diz que não sabia, mas o homem real Luiz Inácio, que sabe e manda em tudo, vive nas profundezas da blindagem tantas e tantas vezes colocada pelo PT para escondê-lo. É como o personagem Dorian Gray, de Oscar Wilde que ostentava para o mundo uma imagem mítica de juventude e perene beleza enquanto seus atos devassos encarnavam num retrato que envelhecia e se embrutecia escondido de todos. Da mesma forma que no livro, com os escândalos, que estão se revelando, começa a se tornar impossível separar um e outro e já nem sempre é o Lula mítico que aparece, dando lugar ao Luiz Inácio, que sabe de tudo e está envelhecido e amargurado. No livro, o próprio Dorian Gray destrói o retrato e sucumbe com o rosto carcomido do homem real que se escondia no retrato. É triste mas está acontecendo. Adeus Lula, o mito que nunca existiu...


Gilberto Dib

Enviado ao Estadão em 21/02/2016

Publicado no Jornal impresso em 24/02/2016, Pg. A2.


Nenhum comentário: